Trata-se da primeira e única instituição do género no Concelho da Ribeira Grande. Brevemente celebra 145 anos de ininterrupta atividade.
Foi instituída por testamento de Augusto César Ferreira Cabido, aprovado, na Ribeira Grande, a 23 de Outubro de 1880.
No testamento daquele benemérito, nascido a 9 de Outubro de 1817 e falecido a 11 de Janeiro de 1881, foi exarado: “[S]endo […] permitido por lei poder dispor livremente de todos os meus bens, direitos e ações e, por isso da minha vontade que por minha morte se funde um Asilo na casa aonde eu moro e suas dependências e que é sita […] no largo do Rosário desta vila, para na mesma serem recolhidos os velhos desvalidos dum e outro sexo que puderem sustentar-se com rendimento que para esse fim vou dispor, sendo preferidos os desvalidos naturais desta vila”.
O Asilo haveria de ser instalado não na casa legada pelo testador, mas sim numa casa da rua João D’Horta. A sua instalação deu-se a 11 de Janeiro de 1885, ainda a futura instituição não tinha estatutos aprovados. O seu arranque ocorreu norteado por Regulamento Interno, datado de 10 de Janeiro de 1885, sendo-lhe, então, atribuída a designação de Hospício de Augusto Ferreira Cabido. No dia de sua instalação foram inscritos doze asilados, seis homens e seis mulheres, todos residentes do concelho da Ribeira Grande.
Os primeiros estatutos da instituição foram aprovados, pelo Governo Civil do Ex-Distrito de Ponta Delgada, a 25 de Setembro de 1888, ficando a mesma com o nome de Asilo de Mendicidade de Augusto César Ferreira Cabido. A 1 de Novembro de 1971, a Assembleia Geral do organismo procede a uma alteração estatutária, sendo esse novo documento regulador, aprovado pelo então Ministério da Saúde e Assistência, Direção-geral da Assistência Social, a 15 de Dezembro de 1971, com publicação no Diário do Governo, nº32, III Série, de 8 de Fevereiro de 1972. A 31 de Outubro de 1996, publicou-se no Jornal Oficial da Região Autónoma dos Açores, III Série, nº20, os seus mais recentes estatutos, os quais transformaram o antigo Asilo de Mendicidade numa Instituição Particular de Solidariedade Social [IPSS], ficando o mesmo com a designação de Lar Augusto César Ferreira Cabido.
Terão sido seus primeiros administradores Heitor da Silva Âmbar Cabido e Martiniano Cabido, familiares do testador.
Ficaram na memória da instituição dois presidentes do seu órgão diretivo: Faustino Teixeira de Lima [1932-1942], pela sua grande implementação das “Sopas dos Pobres” [no ano de 1941 o Asilo forneceu 7623 jantares], e o Padre Luís da Silva Cabral, pela sua longa dedicação à causa dos velhos desvalidos [1946-1985]. Com este último, a 13 de Março de 1955, seria inaugurada a Capela privativa do Asilo, bem como, no ano de 1956, entrariam na instituição as irmãs da Congregação das Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, que muito ajudariam na sua administração. Por outro lado, nos anos cinquenta, sob a sua liderança, procedeu-se a obras de beneficiação na sede do Asilo, tendo o mesmo sido transferido para uma moradia na então vila da Ribeira Grande.
De 1885 a 1923, a instituição acolheria 169 asilados, entre eles 36 camponeses, 6 mendigos e 10 mendigas. Em 1968, o Asilo já tinha acolhido cerca de 329 desfavorecidos. No caso de 1992, nele residiam 39 utentes. Atualmente, o Lar Augusto César Ferreira Cabido, depois de obras de ampliação [1997 e 2005], conta com 52 residentes.
Hermano Teodoro, Ribeira Grande: O Asilo dos Velhos (em estudo)
Distinção pela satisfação dos idosos, seus familiares e colaboradores da instituição e pela visão positiva da comunidade geral que nos visita.